"Criador que não se impressiona com tendências nem se deixa influenciar por vanguardas passageiras. Zanini de Zanine desenha de dentro para fora ou, citando suas palavras, “faço o que está dentro de mim, que tem a ver comigo”. Simples assim? Não é o que revelam suas obras.
Pluralidade, leveza, liberdade, coragem de experimentar e muito talento são expressões que afloram ao olharmos os projetos desse jovem designer… com dez anos de carreira! E não poderia ser diferente. É filho de José Zanine Caldas, um desenhista e criador de maquetes que aprendeu arquitetura na prancheta de grandes mestres do concreto e se tornou pioneiro em projetos e construção de residências de madeira. Tendências, moda, desejo de clientes nunca foram alvos a serem alcançados. Liberdade sempre foi a palavra de ordem, de pai para filho: essa é talvez a maior identidade entre os dois.
Zanini cresceu como um ciganinho de país em país, ou de uma cidade para outra, sempre ao lado do pai. Não criou raízes, e, quando lhe perguntei sobre seus brinquedos preferidos, não se lembrou de nenhum: “Eu passava o dia no ateliê do meu pai, era ali que brincava”. Nascido no Rio de Janeiro, onde mora, é um carioca com alma de surfista.
O design contemporâneo, este do século XXI, mudou seu eixo e, em vez de partir de uma preocupação formal, tem por base a matéria e suas possibilidades. A forma torna-se uma consequência. Assim, Zanini confessa que não faz desenhos técnicos ou croquis. “Meu processo inicial é sempre muito livre, e muitas vezes começo com rabiscos, tanto para os
projetos industriais quanto para os artesanais…
Poderíamos chamar de emotional design, expressão hoje na moda? Me parece que não, pois transparece nos projetos uma racionalidade bem temperada, que define e conduz o traço. “Quando utilizamos aço córten ou madeira de demolição, o processo se torna ainda mais linear, partimos direto para o produto, sem estudos. As peças são os próprios estudos.” Vale dizer que a madeira utilizada nos trabalhos de Zanini traz um selo de garantia: algumas são oriundas das manutenções das casas construídas por seu pai, detalhes em desuso, como nos casos de uma escada de ipê maciço e de um conjunto de vigas de peroba.
Plástico injetado ou rotomoldado, tela perfurada, metacrilato, aço inoxidável, estofado, fibra natural, madeira de demolição, chapa metálica
são materiais que esse jovem designer – ainda chamado por amigos e mestres de Zanininho – já utilizou em seus trabalhos. Com o metacrilato ele criou em 2009 o cavalinho Giocco, produzido pela Componenti. A partir do descarte das chapas perfuradas da Casa da Moeda nasceu a poltrona
Moeda, em 2010. Dois produtos lúdicos, leves, bem-humorados. Nos dois, o desenho é apenas um traço simples que ressalta e valoriza o conceito.
Em 2011, surge a poltrona Trez, esta em chapa de aço, e o Módulo 7, estante de plástico injetado que é um exemplo de engenho, graça, versatilidade, leveza, minimalismo construtivo e economia de materiais. Todas as virtudes que um móvel contemporâneo deve incorporar. Realmente um belo projeto, sempre premiado onde quer que se apresente.
Outubro de 2011, surpresa! O arquiteto Giulio Cappellini convida Zanini para uma colaboração com sua empresa, a Cappellini Itália. Nasce
assim o projeto Inflated Wood, que traduz o que chamaríamos – e o nome sugere – de leveza visual. Para Zanini, a inclusão no mercado internacional traz a certeza de estar traçando um caminho justo e, para nós, a confirmação de que o design brasileiro já é bem cotado e aceito
em coleções internacionais de prestígio."